sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu não roubei


Hoje na sala de atendimento de consultas externas do Hospital de Viana do Castelo. Largas dezenas de pessoas aguardavam, chamadas e confirmações de marcação de consulta.Muito barulho. Conversas entre pares, muitas provavelmente desnecessárias.Instalação acústica a não funcionar plenamente. Durante o aguardar da chamada para consulta houve várias advertências, por parte das funcionárias do serviço, que diariamente suportam o som das britadeiras falantes, povoadoras deste estático batelão imaginário, onde viajo. «Ou falam mais baixo ou o serviço vai ser suspenso.» - Nova advertência.Os médicos das especialidades vão convocando os doentes para os seus gabinetes. Já o ponteiro do relógio estava nas onze e da coluna de som sai:
«Endocrinologia. As consultas não estão atrasadas.Ainda há quem diga que os funcionários públicos roubam. Eu não roubei nada. Mas sei quem roubou. Eu vou pagar por eles. Como diria um poeta chamado António Aleixo:
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço.»
Provavelmente, não te conheço. Isso para o assunto pouco vale. Mas gosto do teu exercício de cidadania.